Mal do século

 

Medo, insegurança, pressa, inquietação, aflição. Tudo isto está dentro do pacote da ansiedade.

Ansiedade é não estar por inteiro naquilo que se está fazendo em determinado momento. Ao invés de se concentrar no momento, a mente pensa no momento seguinte, mas, fazendo desta forma, o momento seguinte não chega nunca e isto provoca mais ansiedade.

A ansiedade provoca um buraco frio e escuro na alma. O buraco é grande e parece não ter fundo. Quanto mais se aprofunda, mais gelado e sem vida, até o ponto insuportável, onde a alma se vende ao buraco que, passando a ocupar o lugar da alma, serve apenas para atrair para si toda e qualquer luz que passe a sua volta.

A ansiedade é o oposto da vida. É mais oposto à vida que a morte, porque a morte é estática, mas a ansiedade não. A ansiedade trabalha para anular a vida enquanto ela insista em acontecer, através de, como já esclarecido, tirar toda a atenção do momento para um momento seguinte que não existe.

Se existe para as trevas alguma arma, sem dúvida a maior delas é a ansiedade.

A ansiedade simplesmente consome tudo que alguém possui colocando-o cada vez mais profundo no buraco. Tira a capacidade de percepção, rouba os sentidos tornando a pessoa cada vez mais inerte, cada vez mais inanimado, até que se torne como uma pedra, completamente insensível, sem capacidade alguma de discernimento, como que se não existisse.

Esta arma das trevas, temos que reconhecer, é brutalmente destrutiva.

Sem qualquer sombra de dúvida, este é o mal do século, o mal do fim dos tempos. Uma praga terrível que obteve permissão dos Céus para vir sobre os homens para que estes sentissem em suas almas a dor como que de picada de escorpião, para que desejassem que esta dor os levasse a morte, mas, ao invés disso, a morte foge para que a dor continue, insuportavelmente.

Ora, não haveria outro juízo que pudesse sobrevir ao homem, pois quando reconhecemos a forma como a ansiedade entrou na Terra, percebemos que somente com tal juízo a consciência poderia perceber o que é que provoca a ansiedade.

Eis a maneira como a ansiedade entrou no mundo: Através da não observância dos preceitos de  יהוה. O motivo real pelo qual יה nos deu os mandamentos foi para que através da observância deles, ficássemos cada vez mais sensíveis à vida. É para isto que serve os mandamentos, para aumentar nossa capacidade de percepção nos tornando cada vez mais sensíveis. Desta forma, com maior sensibilidade, inevitavelmente dá-se mais atenção a cada momento, pois se consegue abstrair deles cada vez mais significado. Cada momento se torna mais rico, mais nobre, mais complexo, maior, tendendo a eternidade. Afinal a eternidade é exatamente isto, fazer do menor espaço de tempo possível algo infinitamente grande.

Este é o caminho da evolução da consciência.

Quanto mais conscientes, mais sensíveis, maior capacidade de percepção, maior valorização do momento, até que cada momento seja eterno.

O mandamento de guardar o sétimo dia, por exemplo, serve para descansarmos nossas almas, nossos corpos, nossos espíritos a fim de estarmos sempre bem dispostos em nossas ações. Serve também como momento de reflexão que considera tudo o que foi realizado na semana que passou e que formula realizações para a semana que virá.

Todo mandamento contempla a vida. Não apenas o estar vivo, mas a intensidade de vida. A instrução visa vivificar, gerar maior grau de consciência em todo aquele que a observa e a deseja compreender.

Revelaremos agora a arma da luz que combate contra a ansiedade. Esta arma possui tal poder de combate que seus efeitos se espalham e afetam a todos que estão em volta. Esta arma muda situações, pensamentos, inclinações. Seu real alcance está além do que poderia ser abordado aqui.

Meditação.

Esta é a maneira de subir as mais altas dimensões da realidade. Durante o processo de meditação, que deve durar ao menos uma hora, a consciência se eleva muito além do natural, mas quando abrimos os olhos e terminamos a meditação, percebemos que quase tudo que alcançamos ficou e não veio conosco. Porém o que veio conosco nos torna melhores e, de tanto em tanto, se cresce infinitamente.

É por meio da meditação que alguns homens surpreenderam a outros, pois estes não conseguiam entender como aqueles puderam fazer grandes coisas, desempenhar grandes prodígios. Surpreenderam-se porque seus níveis de consciência estavam bem abaixo do nível daqueles. Os feitos dos profetas são tais, que pessoas comuns não podem compreender, e às vezes, ainda que vendo, não conseguem acreditar. Consciências completamente diferentes. Frequências altas para uns enquanto outros em frequência baixa.

Para ser prático, eis como começar na prática da meditação. – Aos poucos, cada um vai trilhando seu próprio caminho, mas a seguir está um passo a passo que poderá iniciar a qualquer um de uma excelente maneira.

O melhor horário é de manhã, ao acordar. Sente-se confortavelmente, tenha a coluna endireitada, feche os olhos, sinta os batimentos do coração, sinta a respiração, sinta todo o corpo, faça tudo devagar. Relaxe. Os batimentos do coração irão diminuir e os batimentos e a respiração irão se estabilizar, é natural. Ouça o som do universo (este é o ponto central. É o mais importante da meditação. É o som que o universo emite. Ele precisa estar perceptível durante todo o processo de meditação. Quando o percebemos e nos concentramos nele, a frequência de todos os processos do nosso ser é reajustada a ele. É como a afinação de um instrumento musical. – O som existe e está presente, basta percebê-lo. É como um zumbido. Ommm…), concentre-se no som e tente não pensar em nada. É difícil. Com a prática melhora. Quando você percebe um pensamento, descarta-o. Esforce-se para que a imagem diante dos olhos seja sempre escura, como uma tela preta. Concentre-se exclusivamente no som do universo. Este é o começo. Quanto mais prática, maior o tempo que se pode ficar com a mente livre.

Pela meditação nos elevamos, fortalecemos nosso espírito, refrigeramos nossa alma, vislumbramos ações que devemos tomar, percebemos coisas que não demos a devida atenção, temos visões, recebemos fé e poder para operar na realidade natural.

 

 

Voltando ao começo, a ansiedade provoca o medo. O medo é o pensamento de que acontecerá um mal, mas este mal não existe. É a própria mente que o cria dando-lhe existência.

Ansiedade provoca insegurança. Insegurança é o pensamento que diz que a qualquer momento a situação ficará muito difícil e contrária à própria pessoa.

Ansiedade provoca pressa. A pressa é a intenção de manipular o tempo através de ações comuns. A pressa é na verdade a opressão da dimensão temporal sobre a pessoa. Mas isto também é a própria pessoa que cria.

Ansiedade provoca inquietação. Isto é realmente terrível. É a insatisfação com o que se está fazendo não importa o que seja. Insatisfação completa. Falta da capacidade de se sentir satisfeito.

Ansiedade provoca aflição. Aflição é o resultado da interação do medo, da insegurança, da pressa e da inquietação. A pessoa percebe que perdeu o controle de sua própria razão. É como se tivesse a deriva no mar, completamente sujeito as ondas que a levam para onde querem e não há como interferir.

Eis a exposição do mal do século. O mal do fim dos tempos. O mal da alma que não faz distinção entre rico e pobre.

O mal se esconde nas sombras e perde seu poder quando é exposto a luz.

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