A respeito da Lepra

Lepra segundo as Escrituras é um mal e torna algo ou alguém impuro à vista de todos.
A Torah (Lei) diz sobre alguém atingido por este mal, que tal pessoa é impura enquanto durar o seu mal e deve, portanto, isolar-se.
“O leproso portador desta enfermidade trará suas vestes rasgadas e seus cabelos desgrenhados; cobrirá o bigode e clamará: “Impuro! Impuro!”
Enquanto durar a sua enfermidade, ficará impuro e, estando impuro, morará à parte: sua habitação será fora do acampamento.”

A Torah afirma que existem três tipos de lepra.
O primeiro é a lepra que aparece no corpo, no queixo ou na cabeça. À lepra do queixo ou da cabeça dá-se o nome de Tinha.
O segundo é a lepra que aparece nas vestes ou nos objetos feitos de pele.
O terceiro é a lepra que aparece nas casas.
Conscientes de que a Torah foi dada ao povo enquanto este peregrinava no deserto e, conscientes também de que todo evento acontecido ao povo e registrado na Torah, é senão para a instrução de todo aquele que se achega com o coração às Escrituras, podemos abstrair do Texto o significado que realmente tem a lepra.

O Texto sobre a lepra é então uma instrução sobre os males que podem sobrevir ao homem, como identificá-los e por quais motivos eles aparecem.
A lepra é, portanto, um sinal que aparece no corpo, nas vestes ou nas casas para que a pessoa afetada e todos que estão à sua volta saibam que algo está errado e precisa ser revisto e consertado.

[Como sempre eu afirmo: – O que é relato nas Escrituras, sobretudo na Torah, são situações por quais passaram o povo de Israel quando saíram do Egito e ilustram situações por quais passam todos aqueles que buscam יהוה e que são escolhidos para O servirem neste mundo. Portanto, tudo o que o texto relata, cada situação, instrução, ocasião que passou aquele povo, é uma ilustração fiel do que passaria toda a humanidade.]

Lepra então é um símbolo. Representa uma enfermidade, uma disfunção, um distúrbio, um desvio, uma falha.
O lugar atingido pela lepra é o lugar onde se encontra o mal, o distúrbio, e precisa ser verificado com muita atenção para que não aconteça de contaminar a outros.

Lepra do corpo: lepra é igual a distúrbio e corpo é igual a alma. Na alma é que se encontram os sentimentos. Também na alma experimentamos os sentidos como tato, visão… A lepra do corpo trata assim de um distúrbio na alma, uma disfunção na maneira como sentimos o mundo e tudo o que está a nossa volta, uma falha na maneira como avaliamos nossos sentimentos, ao que damos importância e ao que desprezamos, aos sentimentos que guardamos de nosso próximo e de nós mesmos.
Lepra da cabeça e do queixo: A lepra que atinge a cabeça também recebe o nome de Tinha. Cabeça é igual a pensamento, razão. É através da razão que definimos nossos valores. Na cabeça é que formulamos nossos planos: o que fazer, o que buscar, como agir. Na cabeça é que entendemos tudo. Certo e errado. Como funciona cada coisa, como solucionar um problema, criar.
Queixo relaciona-se com o maxilar, indispensável ao ato de falar. Queixo, portanto, é igual ao que falamos aos outros. A maneira como falamos. Bajulando, ofendendo, ríspido, suave, elogiando, ironizando… Sobre o que falamos. Carnalidades, banalidades, coisas espirituais, eternas. Para que serve o que falamos. Para deprimir, exortar, diminuir, aumentar, aconselhar, ajudar, denegrir, amaldiçoar, abençoar, instruir…
Lepra das vestes e dos objetos feitos de pele: vestes é igual ao que tampa nosso corpo. É o que esconde as nossas vergonhas. É a forma como nos apresentamos para sociedade. São nossos atos. Nossas obras. Podem nos cobrir por inteiro, de forma digna e respeitosa como podem ser como os farrapos que vestem os mendigos. Podem ser decentes ou indecentes. Podem provocar respeito e admiração ou o contrário. Podem estimular sentimentos bons ou ruins naqueles que nos vêem. Podem nos fazer parecer um sacerdote, ou um rei, um guerreiro, um empresário, um peão, um turista, um viajante… As vestes são o que fazemos, como nos comportamos, nossos atos, nossas obras.
Lepra das casas: casa é igual a lugar de repouso, de descanso, de ficar a vontade. Diferentemente das vestes que é a forma como nos apresentamos para os outros, casa é a forma como nos apresentamos para nós mesmos. Quando estamos sozinhos, como nos comportamos? Quando somente Ele está vendo.
Nossos hábitos mais íntimos. Sentar no sofá, comer, deitar, cozinhar… Como dispomos os móveis. Para que serve cada cômodo.

A lepra mais comum é a lepra do corpo.
Geralmente é na alma que as pessoas ficam leprosas.
A cada geração, desde a criação do homem, piores são as chagas de sua lepra. Pústulas fétidas e horríveis que liberam secreções podres.
A lepra do corpo é mais comum por causa do esfriamento do amor. A lepra do corpo aparece hoje como síndromes, ansiedade, depressão, angústia, desespero, irritação, descontrole, impaciência, tristeza profunda, desânimo, desesperança, inanição.
A lepra do queixo acomete aqueles que não valorizam suas palavras.
Difamam o próximo, zombam, escarnecem uns aos outros.
Seus discursos proporcionam somente destruição.
Blasfemam contra o Rei quando dizem imperar a injustiça, a lei do mais forte, exaltam o deus dinheiro e falam do Redentor como se estivesse morto.
“Quando pomos freio na boca dos cavalos, a fim de que nos obedeçam, conseguimos dirigir todo o seu corpo.
Notai que também os navios, por maiores que sejam, e impelidos por ventos impetuosos, são, entretanto, conduzidos por um pequeno leme para onde quer que a vontade do timoneiro os dirija.
Assim também a língua, embora seja um pequeno membro do corpo, se jacta de grandes feitos! Notai como um pequeno fogo incendeia uma floresta imensa.
Ora, também a língua é um fogo. Como o mundo do mal, a língua está posta entre os nossos membros maculando o corpo inteiro e pondo em chamas o ciclo da criação, inflamada como está pela geena.
Com efeito, toda espécie de feras, de aves, de répteis e de animais marinhos é domada e tem sido domada pela espécie humana.
Mas a língua, ninguém consegue domá-la: ela é um mal irrequieto e está cheia de veneno mortífero.”
A lepra da cabeça vem sobre aquele que pensa errado.
Embora sua consciência o avise sobre o certo, ele ignora satisfazendo-se com o errado. De tanto isto acontecer, a consciência vai apodrecendo. Os pensamentos passam a ser cada vez piores.
A inveja é o maior desencadeador. Passam a desejar mal aos outros sem sequer perceberem.
A cabeça passa a trabalhar maquinando sempre algo podre.
Os pensamentos são roubo, embriaguez, prostituição, ostentação, vingança, dinheiro, tortura, extorsão, malandragem, corrupção, auto-favorecimento…
Falta-lhes as palavras que limpam a consciência, fazendo o discernimento ficar cada vez mais claro.
“Vós já estais puros, por causa da palavra que vos fiz ouvir.”
A lepra das vestes contamina aqueles que tentam exteriorizar satisfação, alegria e bem-estar quando na verdade não os possuem.
São orgulhosos, opulentos, ostentadores. Gostam de aparecer. Querem ser vistos com olhos de admiração por aqueles que pensam igual a eles.
Por dentro estão tão vazios como um buraco negro, mas são tão falsos, que quando vêem algum olhar em sua direção, logo fingem ser uma estrela.
Muitas vezes são leprosos no corpo que usam belas vestes para esconderem seu mal dos outros, mas, surpreendentemente, a lepra do corpo passa para a veste.
A lepra das casas para aqueles que não querem aparecer para os outros, mas sabem que algo está errado com eles e ignoram, insistindo em seus velhos hábitos.
Em suas casas, quando estão completamente a vontade, ou seja, quando não são vistos por ninguém, mantém hábitos que são prejudiciais a sua própria saúde. Como por exemplo, comer deitado, dormir com a televisão ligada, bagunça, sujeira, desorganização… Sabem que precisam se esforçar em alguns aspectos que ninguém sabe, senão eles mesmos, mas não o fazem. Sua própria natureza exige-lhes um comportamento diferente, mas quando chegam em casa, cedem aos maus hábitos e fazem tudo do mesmo jeito. Vivem este conflito a cada dia até que resolvam lutar.

Eis a lepra!

A lepra é enviada ao homem por יהוה para mostrar ao homem e a todos que algo está errado com este homem, e ele precisa resolver.
A lepra serve para alertar aos outros que יהוהh se desagrada ou quer que algo seja resolvido na vida do afetado. Desta forma, outros não irão ter este que foi afetado como exemplo do que fazer, mas sim como exemplo do que não fazer.

Ao constatar uma lepra no corpo, no queixo, na cabeça, na veste ou na casa, o sacerdote examinará, caso constate a lepra, declarará o homem impuro.
Em caso de dúvida, o sacerdote isolará o homem ou o objeto por sete dias e o examinará novamente, se a chaga não tiver progredido, o sacerdote o declarará puro. Caso a chaga houver progredido, o sacerdote o declarará impuro, é lepra.
“O leproso portador desta enfermidade trará suas vestes rasgadas e seus cabelos desgrenhados; cobrirá o bigode e clamará: “Impuro! Impuro!”
Enquanto durar a sua enfermidade, ficará impuro e, estando impuro, morará à parte: sua habitação será fora do acampamento.”
O sacerdote examina a aparência do homem ou do objeto e no intervalo de sete dias o faz novamente. Sete é o número perfeito simbolizando assim que se nesse intervalo de tempo a chaga não desaparecer, era porque não deveria desaparecer. O motivo do aparecimento da chaga ainda persistia no homem afetado.
Era leproso e deveria ser declarado impuro.

Mas é de se pensar: não somos todos nós impuros?
Não temos dentro de nós impurezas que as vezes só nós mesmos conhecemos?
E desde que o homem desconfiou da ordem de יהוה e desobedeceu Sua instrução, não tem o homem se atolado cada vez mais na lama?
Por que então haveria de haver distinção entre aqueles cuja lepra é interna – só eles mesmos conhecem – e aqueles cuja lepra é externa – a vista de todos?
Não estão ambos impuros?
Por este motivo foi que Iahveh enviou ao mundo Seu Santo, Iehoshua – bendito seja na sala do trono – para mostrar aos homens que a Torah é santa, mas, não há entre os homens, um que seja digno de aplicá-la aos outros.
Iehoshua é o sumo sacerdote eterno.
E porque é santo, pode julgar os homens. Mas podendo, não o faz. Exerce para com todos aqueles que são sinceros de coração, a misericórdia e dá-lhes o perdão de seus pecados, até o dia em que julgará a todos, segundo as suas obras.

Hoje são curados todos aqueles que olham para o Mestre e o reconhecem como quem Ele é, santo.
“Como Ele se encaminhasse para Ierushalaim, passava através da Samaria e da Galiléia.
Ao entrar num povoado, dez leprosos vieram-lhe ao encontro. Pararam à distância e clamaram: “Iehoshua, Mestre, tem compaixão de nós!”
Vendo-os, Ele lhes disse: ‘Ide mostrar-vos aos sacerdotes”. E aconteceu que, enquanto iam, ficaram purificados.
Um dentre eles, vendo-se curado, voltou atrás, glorificando יהוה em alta voz, e lançou-se aos pés de Iehoshua com o rosto por terra, agradecendo-lhe. Pois bem, era um samaritano. “Tomando a palavra, Iehoshua lhe disse: “Os dez não ficaram purificados? Onde estão os outros nove?
Não houve, acaso, quem voltasse para dar glória יהוה senão este estrangeiro?”
Em seguida, disse-lhe: “Levanta-te e vai; a tua fé te salvou”.”
Por esta passagem percebemos também que o estrangeiro volta e agradece e o natural não volta. O reconhecimento e a gratidão do estrangeiro são maiores que os do natural.
Ou seja, o estrangeiro – aquele que desconhece a tradição e é ignorante – é mais grato que aqueles que são naturais – conhecedores da tradição, da Torah e dos profetas.

E se cumpre toda profecia:
“Assim diz o Senhor, יהוה, que criou os céus e os estendeu, e fez a imensidão da Terra e tudo o que dela brota, que deu o alento aos que a povoam e o sopro da vida aos que se movem sobre ela.
“Eu, יהוה, te chamei para o serviço da justiça, tomei-te pela mão e te modelei, eu te pus como aliança do povo, como luz das nações, a fim de abrir os olhos dos cegos, a fim de soltar do cárcere os presos, e da prisão os que habitam nas trevas.”
Eis o meu servo que eu sustenho, o meu eleito, em quem tenho prazer. Pus sobre ele o Meu Espírito, ele trará o julgamento às nações.
O Espírito do Senhor יהוה está sobre mim, porque יהוה me ungiu; enviou-me a anunciar a boa nova aos pobres, a curar os quebrantados de coração e proclamar a liberdade aos cativos, a libertação aos que estão presos.”

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