Homem do deserto

Um homem vagava em um enorme deserto, completamente árido, com paisagens monótonas de dunas e mais dunas de areia.
Pensava ele que algum dia encontraria um oásis… até chegou a ver vários, porém, quando se aproximava, percebia que não passavam de ilusões.

Não sabemos explicar como este homem se encontrava vivo, pois, de fato ele nunca havia encontrado sequer uma torrente onde pudesse se saciar.

Algumas pessoas que passavam por ele diziam-lhe que havia no deserto, rios de águas límpidas, embora, para encontrá-los, era necessário primeiro que se acreditasse na existência deles.

Certo dia em que este homem vagava, já sem pensar em chegar a oásis algum, pois, não havia em si mesmo qualquer estímulo que o levasse a buscá-los, ele viu algo diferente.

Do alto de uma duna viu no horizonte distante uma enorme rocha. Ficou olhando para ela certo tempo. Firmava os olhos tentando se certificar de que não se tratava de mais uma visão. O sol resplandecia nela e a fazia brilhar de tal forma que este homem jamais havia visto algo assim em toda sua jornada. Resolveu, então, caminhar naquela direção.

Andou durante dias subindo e descendo dunas. A cada vez que subia uma duna, via a rocha um pouco mais perto, maior e mais brilhante, isto o estimulava poderosamente a continuar.

Após algumas semanas de caminhada ele chegou bem próximo da rocha e, quando estava apenas a algumas horas de chegar, percebeu que se tratava mesmo era de uma montanha.

Por esta montanha descia um rio que formava cachoeiras e piscinas naturais maravilhosas.
Os pássaros, as flores, as árvores e toda a natureza da montanha pareciam estar em festa pela conquista deste homem que acabara de chegar.
Ele ficou aos pés de uma linda cachoeira muitos dias. Ali ele não tinha falta de nada, encontrava fruto nas árvores e bebia da água do rio.

Em um belo dia ele pensou: Onde nasce este rio? Será que consigo chegar até sua nascente?
Ele começou a subida. Após subir por três dias, pensou já estar muito alto e quis descer, todavia continuou.
Após cinco dias de subida, o rio tinha um volume de água muito menor e o homem já não ousava olhar para baixo.
No sétimo dia ele chegou ao cume e quando olhou para baixo a única coisa que via eram nuvens.

Maravilhado com tudo o que via lá em cima, procurava a nascente do rio e a encontrou saindo de uma pedra, quase a gotejar.
Parou então sua mão sob a nascente e esperou que acumulasse o suficiente para beber.

Após provar da água, tomou a decisão de voltar para o deserto e contar a todos que encontrasse sobre sua descoberta.
Ele voltou e contou a muitos sua estória dizendo-lhes que após beber da água na fonte, nunca mais voltou a ter sede.