A respeito do rico e do pobre

Pelo que observamos nas Escrituras, rico e pobre são definições que não se limitam a tratar apenas de classe social ou de poder aquisitivo. A forma como o Texto Sagrado trata deste assunto deixa claro que rico e pobre são definições que abrangem o indivíduo por completo, a alma, o caráter, a personalidade, o coração, tudo isto está incluído na definição que o Texto dá para rico e pobre.

É claro que em uma visão infinitamente mais simples, a definição de rico e pobre trata também da classe social, do poder aquisitivo, da quantidade de bens materiais etc.

 

Pois bem, comecemos pelo fato de que observamos no Texto Sagrado que ser considerado rico, aos olhos do Altíssimo não é bom, é ruim. Ao passo que ser considerado pobre, aos olhos do Altíssimo não é ruim, mas bom. Isto seria um paradoxo caso não fosse como toda a Verdade contida no Texto Sagrado que é contrária ao pensamento humano. Assim como é melhor ser pobre que rico, também é melhor dar do que receber, é melhor servir do que ser servido, é melhor ir a um velório do que ir a uma festa.

Percebemos então que a diretriz das Sagradas Escrituras é contrária ao pensamento humano, ou melhor, o pensamento humano por si só, chega a uma conclusão que é contrária ao ensinamento da Verdade Eterna contida no Texto Sagrado.

O pensamento humano por si só, compreende que é melhor ser rico que ser pobre, que receber é melhor que dar, que ser servido é melhor que servir, que ir a uma festa é melhor que ir a um velório. Mas o conhecimento da Verdade nos ensina que não é assim. E quando tomamos conhecimento da Verdade e a consideramos, então Adonai nos dá crescimento espiritual nos fazendo compreender o porque.  Neste sentido foi que o profeta escreveu: “Meus pensamentos não são os vossos, e o vosso  modo de agir não é o meu, diz Adonai; mas tanto quanto os céus dominam a Terra, tanto é superior à vossa a minha conduta e meus pensamentos ultrapassam os vossos”.

Rico de acordo com as Sagradas Escrituras é aquele que tem mais do que seu próximo e não se importa com isso, mas adquire cada vez mais e acumula ao invés de dividir o que ganha com aquele que tem menos.

O rico é egoísta. Considera tudo que está em suas mãos como sendo seu, conquistado por seu próprio esforço e mérito. Há ainda os que dizem que o que possuem foi ‘deus’ quem deu. Dizem isto como uma falsa forma de aliviar suas consciências para não darem tanta atenção ao seu comportamento egoísta e avarento. Mas ainda assim o que dizem é verdade, foi deus quem os deu, o deus deste século, o deus deste mundo. Jamais יהוה. Ora, vemos que a consequência da riqueza é o aumento da frieza do coração, a individualização, o desprezo pelo semelhante, o egoísmo, a avareza, a cegueira, a confiança no dinheiro e nos homens, a perda da fé. Tudo isto indica que a riqueza dos ricos não vem das mãos de יהוה, pois caso assim fosse, o bem recebido não estagnaria na mão de quem o recebeu, mas passaria a outros. A benção de יהוה não acrescenta a uns diferenciando-os dos outros, mas sim faz com que o abençoado se torne um abençoador replicando infinitamente a benção que ele recebeu.

Portanto, que fique claro: A riqueza deste mundo vem das mãos do adversário.

A riqueza que vem dos céus transforma os homens que a recebem enchendo-os de sabedoria. A riqueza dos céus dá aos homens conhecimento da Verdade, entendimento, visão ampliada, consciência elevada. Torna-os pessoas simples, dá-lhes humildade de coração. Leva-os a se importarem com o próximo, a dividirem o que possuem e não apenas a dar o que lhes sobra.

Coitados dos ricos deste mundo, tão grande é o seu sofrimento.

“Vós, ricos, chorai e gemei por causa das desgraças que sobre vós virão. Vosso ouro e vossa prata enferrujaram-se e sua ferrugem dará testemunho contra vós e devorará vossas carnes como fogo. Entesourastes nos últimos dias!”

“Ai de vós, ricos, porque tendes a vossa consolação.”

Faz-se rico neste mundo aquele que aparentemente possui mais esclarecimento que a maioria, aquele que estudou em escolas e universidades, aquele que não trabalha tanto e recebe salário maior que a maioria. Aquele que supostamente percebe a realidade com mais clareza que os outros. Entretanto, se não conheceu a Verdade e a amou e dela recebeu uma nova vida, tudo o que adquiriu testemunhará contra ele. Tornar-se-á o mais idiota do mundo. Será reprovado. Perderá sua posição e verá o pobre ser elevado a alturas que jamais alcançou.

“Deita-se rico: é pela última vez. Quando abre os olhos, já deixou de sê-lo. O terror o invade como um dilúvio, um redemoinho o arrebata durante a noite. O vento do leste o levanta e o faz desaparecer: varre-o violentamente de seu lugar. Precipitam-se sobre ele sem poupá-lo, é arrastado numa fuga desvairada.”

O conhecimento é o bem mais precioso, dele advém a sabedoria.

“Eis o princípio da sabedoria: adquire a sabedoria. Adquire a inteligência em troca de tudo que possuis.”

“Recebei a instrução e não o dinheiro. Preferi o conhecimento ao fino ouro, pois a sabedoria vale mais que as pérolas e jóia alguma a pode igualar.”

“A sabedoria mora com os humildes.”

Sendo o conhecimento um bem preciosíssimo, faz-se rico aquele que o possui. Mas este conhecimento não foi dado a alguém para que ele se enriquecesse e sim para que fosse repartido com o próximo, principalmente com aquele que é pobre de tão pouco que possui. O que se observa é a retenção do conhecimento. Quando o conhecimento é transmitido, sempre é em troca de dinheiro. Assim acontece em todos os lugares, inclusive nas igrejas. Não é segredo que os homens asseguram suas posições através da ignorância de seu próximo. São assassinos. Derramam o sangue que for preciso para se assegurarem no lugar onde estão ou pretendem estar.

Ricos de conhecimento. Ai deles!

“Porque sua avidez é insaciável, não salvará o que lhe era mais caro. Nada escapava a sua voracidade: é por isso que sua felicidade não há de durar. Em plena abundância sentirá escassez; todos os da infelicidade caem sobre ele. Se foge diante da arma de ferro, o arco de bronze o traspassa, um dado sai-lhe das costas, um aço fulgurante sai-lhe do fígado. O terror desaba sobre ele, e ser-lhe-ão reservadas as trevas.”

Após sua reflexão até aqui, julgue-se a si mesmo. Permita-se ser transformado por estas Palavras:

“Nós sabemos que fomos trasladados da morte para a vida, porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte. Quem odeia seu irmão é assassino. E sabeis que a Vida Eterna não permanece em nenhum assassino.

Nisto temos conhecido o amor: Ele deu sua vida por nós. Também nós outros devemos dar a nossa vida pelos irmãos. Quem possuir bens deste mundo e vir seu irmão sofrer necessidade, mas lhe fechar o coração, como pode estar nele o amor de יהוה? Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas por atos e em verdade. Nisto é que conheceremos se somos da verdade, e tranquilizaremos a nossa consciência diante de יהוה caso nossa consciência nos censure, pois יהוה é maior do que nossa consciência e conhece todas as coisas.”

Quanto aos pobres, boas notícias:

“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus.”

Percebam a fidelidade de יהוה sobre suas vidas. Este é o caminho:

“Sendo Ele de condição divina, não prevaleceu de Sua igualdade com יהוה, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente conhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.”

Conclusão:

“Quem confia em sua riqueza cairá, enquanto os justos reverdecerão como folhagem.”

“Aquele que ama o dinheiro nunca se fartará, e aquele que ama a riqueza não tira dela proveito.”

E que os pobres assim façam:

“Exorta os ricos deste mundo a que não sejam orgulhosos nem ponham sua esperança nas riquezas volúveis, mas em יהוה, que nos dá abundantemente todas as coisas para delas fruirmos. Que pratiquem o bem, se enriqueçam de boas obras, sejam generosos, comunicativos, ajuntem um tesouro sólido e excelente para seu futuro, a fim de conquistarem a verdadeira vida.”

 

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